Demon Slayer: Castelo Infinito é tão longo quanto sua ambientação e tão emocionante quanto suas temporadas anteriores
O fim nunca é fácil de encarar, mas Demon Slayer: Castelo Infinito começa sua jornada final em grande estilo, trazendo as principais características da saga que tanto conquistou fãs nos últimos anos, ainda que talvez não na melhor mídia para a história. O longa é o primeiro de uma trilogia que busca encerrar a jornada de Tanjiro Kamado e seus companheiros na luta contra Muzan Kibutsuji e seus Onis mais fortes, as Luas Superiores.
A história inicia relembrando o final da última temporada lançada: o líder do Esquadrão de Caçadores de Onis foi morto por Muzan. Tanjiro, Zenitsu, Inosuke, os Hashiras e demais espadachins da organização agora estão caindo rumo ao Castelo Infinito para a luta decisiva. Os personagens são reapresentados em uma montagem épica, digna dos maiores blockbusters de Hollywood. Cada um é realocado física e emocionalmente para o arco.
Isso é essencial, pois nessa reta final eles são forçados a enfrentar não só a ameaça à humanidade representada por Muzan, mas também dilemas pessoais. Como os personagens Giyu e Tanjiro contra Akaza, Shinobu enfrentando o Oni que matou sua irmã ou Zenitsu contra seu irmão de treinamento da Respiração do Trovão. Todas as histórias escolhidas para compor esse primeiro ato são emocionantes e instigantes, a ponto de fazer rir, chorar e vibrar com seus personagens favoritos. O amadurecimento da trama e dos protagonistas é notável, justificando até a classificação indicativa no Brasil e mostrando que o público que acompanha a série também cresceu.
A animação impecável do estúdio Ufotable, marca registrada do anime desde seu lançamento em 2019, já mostra logo no começo que não economizou esforços: os flocos de neve da primeira cena parecem voar para fora da tela. O filme eleva a qualidade visual em relação aos anteriores e dá um show o tempo inteiro, levando o espectador para dentro do mundo de Demon Slayer, com o castelo se expandindo ao redor, os poderes das respirações preenchendo o espaço e os personagens dançando pela tela. Um verdadeiro espetáculo da animação moderna.
No entanto, o que o filme acerta com a animação, erra no ritmo da narrativa. Diferente de qualquer outro longa de anime já lançado nos cinemas ou mesmo das próprias temporadas de Demon Slayer, Castelo Infinito é apenas a primeira parte do arco final. Ou seja, a história não começa nem termina aqui. Em uma série isso é comum, mas, ainda assim, cada arco traz um desenvolvimento e se encerra com um gancho. Isso não acontece no filme, que parece esquecer que está em outro formato e passa a impressão de ser episódios costurados, tão infinitos quanto o próprio castelo em que se passa.
É normal para os fãs acompanharem flashbacks, longos monólogos e explicações durante lutas e arcos. Mas uma coisa é assistir em doses (ou maratonar em casa, com a possibilidade de dar pausa) e outra é consumir essa narrativa em sequência, no cinema, por quase três horas. Para piorar, metade dos personagens mal teve cinco minutos de tela e só voltará a aparecer daqui a anos, com o próximo lançamento. Esses fatores acabam tornando a experiência cansativa, e as histórias e a animação teriam sido melhor aproveitadas e absorvidas se fossem adaptadas ao formato de série, deixando apenas a batalha final, o confronto direto com Muzan, para os cinemas.
Apesar disso, Demon Slayer mais uma vez prova por que é um dos títulos mais populares dos últimos anos. O filme é um banquete para os olhos, com uma história madura, lutas eletrizantes e momentos emocionantes. Prepare-se e compre uma pipoca e uma coca grande para durar até o fim da sessão, pois é uma obra que, mesmo parecendo infinita, vale a pena ser vista nas telonas.
FICHA TÉCNICA
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