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Sobre a troca de etnia de personagens famosos

 



A gente já sabe que a nerdaiada conservadora reage bastante quando acontece uma troca de etnia de uma personagem, principalmente no caso de mainstreams. E principalmente quando a personagem vai de branca para não branca. O que eu não acho justo, já que várias pessoas não brancas vão se sentir representadas com essa nova roupagem da personagem.

Mas acontece que sempre se torna um assunto polêmico. 

Em primeiro lugar, na maioria das vezes a inversão racial acontece tornando o personagem uma pessoa negra. Porque eu não sei o porque, mas dentre todos os outros movimentos étnico-raciais, o movimento negro é o mais famoso. E se é o mais famoso, isso significa mais lucro para essas grandes empresas de mídia. Será que realmente ciganos, asiáticos, indianos, muçulmanos, etc. não precisam de representatividade??


Imagem teaser de Mx.Marvel: Beyond the Limite (Divulgação/Marvel Comics)


A segunda reflexão é que quantas vezes essa troca acontece? Vamos supor que anunciaram hoje que haverá um Batman negro nos filmes da DC. Causam rebuliços na internet por trocar a cor da pele do morcego. E o Batman após esse negro será o que? Branco. E vai demorar pra ter um próximo Batman não branco. No final, tudo é uma grande estratégia para manter os racistas e os anti-racistas assistindo a algum filme do Batman, seja qual for.

No final, só querem lucro. E fazem isso de uma forma a permanecer na hegemonia branca. Porque não estão interessados em ser anti-racistas, apenas no dinheiro que isso dará. No final, o lucro é mais importante. Prevalecer a hegemonia branca e o interesse no dinheiro gerado é maior que o sentimento anti-racista.

Representatividade é muito mais que a mudança na estética da personagens. Significa, principalmente, o valor de se reconhecer o que está na tela e se sentir incluído e representado. O mundo real é cruel e fracionado, mas a ficção não precisa ser.


Go Nagai e o feminisno em "CUTIE HONEY"

 



Go Nagai é um quadrinista japonês que iniciou sua carreira em 1967 (com o mangá Meakashi Polikichi). Trabalha com fantasia, horror e erotismo. Mas um erotismo claramente vindo de um homem hétero.

Em outubro de 1973, ele começou a produzir um mangá chamado "Cutie Honey". Segundo o próprio Go Nagai, o mangá foi histórico por ser o primeiro shōnen a trazer uma protagonista feminina. Inclusive, ela foi uma grande inspiração para o gênero Mahou Shoujo, que é um gênero de animes e de mangás conhecido por ter mulheres usando rosa e que lutam. Mas, oficialmente, é um shōnen publicado pela primeira vez na revista Shōnen Champion.


Imagem divulgação - capa de mangá / Editora Seven Seas


Na sinopse, acompanhamos a jovem androide Honey Kisaragi na sua luta contra a mística organização criminosa chamada Panther Claw. Criação do cientista Takeshi Kisaragi, Honey apresenta uma força incrível, habilidade de metamorfose e um corpo resistente e auto-curável. No seu interior, ela esconde o dispositivo chamado catalyseur d’éléments aéroportés (tradução livre: catalisador de elementos transportados pelo ar), que é à base de seus poderes, e que é desejado pela Panther Claw. Por ter a aparência de 16 anos, ela se disfarça como aluna de uma escola católica exclusiva para garotas. Na sua busca por vingança pela morte do pai, que foi assassinado por uma integrante da poderosa organização criminosa, Honey têm como companheiros a família Hayami, composta pelo primogênito, o jornalista Seiji, o patriarca Danbei e o caçula Junpei.

A organização criminosa exclusivamente feminina Panther Claw é governada pela misteriosa Panther Zora. Por ser uma máfia poderosa que está em todas as partes do mundo, Sister Jill gerencia a sede japonesa – então ela acaba sendo a principal inimiga de Honey durante toda a trama. Sister Jill envia guerreiras híbridas para aniquilar nossa heroína e tentar roubar o valioso dispositivo.

A coisa mais incomum para a época é que uma mulher era quem salvava suas contrapartes masculinas. Mas eles não eram um estereótipo dado às mulheres, tipo, homens passivos que esperavam gentilmente sua mulher chegar (e não quero que seja. Pois o feminismo não é sobre colocar apenas mulheres como fortes no topo. É colocar todos os gêneros no topo). A questão é que eles eram hiperssexuais (Ah! Deixo claro, o anime é para pessoas maiores de 18 anos!).

E isso é um ponto a se criticar na obra de Nagai: Cutie Honey é apresentada como uma heroína sensual. E, pelo visto, há dois tipos de seres que são contrapartes hiperssexuais em Cutie Honey: os homens héteros e as lésbicas.

Coisas como assédio sexual são vistas como cômicas em suas obras, principalmente de homens e de lésbicas para com as mulheres heterossexuais.

Representar uma lésbica como uma mulher assim é improdutivo para o movimento lésbico, que exatamente luta para que as lésbicas parem de ser vistas como pervertidas, mas como apenas mulheres que amam mulheres. E colocá-las em um patamar de um grupo que aprendeu a ser o amado garanhão não é legal, muito menos romantizar, tornar cômicas, situações de assédio.

Entretanto, ele não cometeu esses erros machistas e lesbofóbicos por um motivo que dizia "Sou o homem hétero mau e acabou". Tinham mais fatores ligados à questão. Ele teve influências do Ozamu Tezuka, que escrevia mangás de forma cômica. Além disso, ele trabalhava com o erótico porque a sociedade, no mundo inteiro, estava passando por uma revolução sexual. E uma revolução LGBT+ também. Mesmo assim, ele não soube lidar com esses elementos de forma segura e sem problemáticas. Ou seja, em conclusão, não esteve de seus preconceitos, apesar de criar uma heroína tão revolucionária para o feminismo como foi Cutie Honey.

Matéria escrita pelo portal Nerd PCD

Kale, Caulifla e a representatividade feminina na saga de Dragon Ball


KALE, CAULIFLA... E finalmente uma boa representatividade feminina na saga de Dragon Ball.

Dragon Ball não é um bom exemplo de representatividade de gênero. Quem não se lembra do Trunks tendo vergonha de usar um vestido? Ou dos assédios do Mestre Kame com as meninas sendo totalmente banalizado e normalizado?

Em meio a esse caos de representatividade, surgem duas meninas que enfrentam as dificuldades e os medos: Kale e Caulifla. Elas me ajudaram muito, até em superar meus problemas de depressão e não desistir de enfrentar meus medos. Mulheres, que se importarem em ter filhes, façam isso. Eu tenho certeza de que vai influenciar muitas meninas a serem melhores a cada dia, assim como me influenciou.

Fonte: cena do anime

Kale é discípula de Caulifla. Isso mesmo! Elas eram sayadins e, como tode sayadin, gostam de treinar e ficar cada vez mais forte. As duas até tinham a mesma idade. Kale era tímida, e Caulifla sempre a ajudou a enfrentar seus medos e seguir em frente para melhorar. Lembrou a minha mãe todas as vezes que eu pensei em desistir da faculdade por causa de gente preconceituosa. (Entenda: eu sou autista e já sofri muito preconceito por isso! E até já me descontrolei por isso! Ver a Kale concertando seus sentimentos e se tornando forte me mostrou que eu posso enfrentar meus problemas e ser uma Kale também!

Como resultado, Kale acaba mostrando todo o seu poder e, até vira uma Super-Sayadin verde. (Isso quando ela perde o controle e vê seus amigues se dando mal. Mas, para mim, não deixa de ser uma superação do seus medos, principalmente quando ela controla seus impulsos depois). Obviamente, essa amizade me deu autoestima e tocou o meu coração!

Elas surgiram em 2017, no meio do Dragon Ball Super. No Super, vemos que existem 12 universos. E em um torneio, chamado Torneio do Poder, 10 guerreires de cada universo lutam entre si. Um universo é vencedor. Os outros serão eliminados. Cada universo lutando entre si em um bando de pancadaria. Esses guerreires caem da arena. E o guerreire que sobrar ganha, e seu universo fica a salvo. 

No universo 6, esses Sayadins não foram eliminades. É aí que as duas Sayadins aparecem. Elas são convocadas para a grande batalha, e realmente mostram o seu poder. Elas evoluem nas lutas e confiam uma na outra. Não é como se todas as meninas fossem obrigadas, mas isso era tudo o que eu sempre quis ver em uma personagem feminina de Dragon Ball.

O diretor da série, Ryota Nakamura, afirmou em entrevistas que a ideia inicial era fazer Caulifla apenas uma personagem de suporte para Kale, mas isso acabou não acontecendo. 

Quando Kale foi criada, a ideia era dar destaque para as saiyajins femininas. Mas depois perceberam que Caulifla tinha dado destaque tanto quanto Kale.

Então, sim. Provavelmente, as duas foram criadas simplesmente por conta das evoluções do feminismo. Claro que foi por mídia, visto a quantidade irrisória de mulheres que estão na produção de Dragon Ball. Mas, mesmo assim, tocou muitas mulheres, assim como tocou em mim.

Escrito por: Ana (Nerd PcD)

Aprender sobre surdez a partir de filmes e séries de super-heróis?

 

Representatividade importa e isso a gente sabe. Mas como ela acontece?

No filme "Os Eternos", a personagem Makkari foi responsável por um aumento de 25% nas procuras por cursos de línguas de sinais. Isso mostra que as pessoas conheceram o universo surdo através dessa personagem.

Makari em "Eternos" (Divulgação/Marvel Studios)

A ideia é expandir territórios. É colocar personagens em outros contextos que não sejam sobre as deficiências desses personagens.

Outro exemplo foi nesses personagens: Maya Lopez e Gavião Arqueiro. A ascensão e o crescimento de Maya Lopez, que é surda de nascença, e o aparelho auditivo de Clint. Isso é conhecer a comunidade surda. Mas também é dizer para os surdes que podem ser heroínes, independente de sua surdez ou não.

Ter uma deficiência não te faz inferior a ninguém. Maya, Clint e Makkari não são indefeses, fraques ou nada disso. Apenas surdes. E isso é só uma de suas multi características. Isso é o poder da representatividade nos filmes de heróis: apresentar personagens além de sua surdez. 

Um estudo da Diversity and Social Change Initiative, analisou os 100 principais filmes lançados em 2015. O resultado encontrado foi que o número de personagens com deficiência foi de 2,4%. Segundo o IBGE, a porcentagem de pessoas com deficiência, só no Brasil. é de 24%, ou seja, 10 vezes maior. Então, ainda temos um longo caminho para poder finalmente dizer que "A revolução é inclusiva".


Escrito por: Ana Fernandes (parceria Nerd PcD)