Go Nagai e o feminisno em "CUTIE HONEY"

 



Go Nagai é um quadrinista japonês que iniciou sua carreira em 1967 (com o mangá Meakashi Polikichi). Trabalha com fantasia, horror e erotismo. Mas um erotismo claramente vindo de um homem hétero.

Em outubro de 1973, ele começou a produzir um mangá chamado "Cutie Honey". Segundo o próprio Go Nagai, o mangá foi histórico por ser o primeiro shōnen a trazer uma protagonista feminina. Inclusive, ela foi uma grande inspiração para o gênero Mahou Shoujo, que é um gênero de animes e de mangás conhecido por ter mulheres usando rosa e que lutam. Mas, oficialmente, é um shōnen publicado pela primeira vez na revista Shōnen Champion.


Imagem divulgação - capa de mangá / Editora Seven Seas


Na sinopse, acompanhamos a jovem androide Honey Kisaragi na sua luta contra a mística organização criminosa chamada Panther Claw. Criação do cientista Takeshi Kisaragi, Honey apresenta uma força incrível, habilidade de metamorfose e um corpo resistente e auto-curável. No seu interior, ela esconde o dispositivo chamado catalyseur d’éléments aéroportés (tradução livre: catalisador de elementos transportados pelo ar), que é à base de seus poderes, e que é desejado pela Panther Claw. Por ter a aparência de 16 anos, ela se disfarça como aluna de uma escola católica exclusiva para garotas. Na sua busca por vingança pela morte do pai, que foi assassinado por uma integrante da poderosa organização criminosa, Honey têm como companheiros a família Hayami, composta pelo primogênito, o jornalista Seiji, o patriarca Danbei e o caçula Junpei.

A organização criminosa exclusivamente feminina Panther Claw é governada pela misteriosa Panther Zora. Por ser uma máfia poderosa que está em todas as partes do mundo, Sister Jill gerencia a sede japonesa – então ela acaba sendo a principal inimiga de Honey durante toda a trama. Sister Jill envia guerreiras híbridas para aniquilar nossa heroína e tentar roubar o valioso dispositivo.

A coisa mais incomum para a época é que uma mulher era quem salvava suas contrapartes masculinas. Mas eles não eram um estereótipo dado às mulheres, tipo, homens passivos que esperavam gentilmente sua mulher chegar (e não quero que seja. Pois o feminismo não é sobre colocar apenas mulheres como fortes no topo. É colocar todos os gêneros no topo). A questão é que eles eram hiperssexuais (Ah! Deixo claro, o anime é para pessoas maiores de 18 anos!).

E isso é um ponto a se criticar na obra de Nagai: Cutie Honey é apresentada como uma heroína sensual. E, pelo visto, há dois tipos de seres que são contrapartes hiperssexuais em Cutie Honey: os homens héteros e as lésbicas.

Coisas como assédio sexual são vistas como cômicas em suas obras, principalmente de homens e de lésbicas para com as mulheres heterossexuais.

Representar uma lésbica como uma mulher assim é improdutivo para o movimento lésbico, que exatamente luta para que as lésbicas parem de ser vistas como pervertidas, mas como apenas mulheres que amam mulheres. E colocá-las em um patamar de um grupo que aprendeu a ser o amado garanhão não é legal, muito menos romantizar, tornar cômicas, situações de assédio.

Entretanto, ele não cometeu esses erros machistas e lesbofóbicos por um motivo que dizia "Sou o homem hétero mau e acabou". Tinham mais fatores ligados à questão. Ele teve influências do Ozamu Tezuka, que escrevia mangás de forma cômica. Além disso, ele trabalhava com o erótico porque a sociedade, no mundo inteiro, estava passando por uma revolução sexual. E uma revolução LGBT+ também. Mesmo assim, ele não soube lidar com esses elementos de forma segura e sem problemáticas. Ou seja, em conclusão, não esteve de seus preconceitos, apesar de criar uma heroína tão revolucionária para o feminismo como foi Cutie Honey.

Matéria escrita pelo portal Nerd PCD

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