Resenha | Leitura de Verão, de Emily Henry

Fonte: Amazon

Sinopse: 

"Em Leitura de verão, uma escritora de romances que não acredita mais no amor e um escritor literário sufocado pela rotina se envolvem em um desafio que pode subverter tudo o que eles sempre pensaram sobre o que é ser feliz. 

Augustus Everett é um aclamado autor de ficção literária. January Andrews escreve romances best-seller. Enquanto ela cria seus "felizes para sempre", ele mata todos os seus personagens. Eles definitivamente são polos opostos. A única coisa que têm em comum é que, durante três meses, vão morar em casas de praia vizinhas, ambos falidos e paralisados por um bloqueio criativo.

Até que, em uma noite nebulosa, uma coisa leva à outra e eles fazem um acordo que tem o objetivo de arrancá-los da zona de conforto: Augustus vai passar o verão redigindo um livro com final feliz, e January vai escrever o próximo clássico da literatura. Ela vai levá-lo a viagens de campo dignas de uma comédia romântica, e ele a acompanhará em entrevistas com sobreviventes de um culto de suicídio (obviamente). Cada um vai finalizar um livro e ninguém vai se apaixonar. Será?"

À primeira vista, o livro parece não ser nada além de uma comédia romântica leve, e que trás clichês para acalentar o coração e nos fazer dar boas risadas. No entanto, Emily Henry nos traz bem mais que isso em sua obra.

January Andrews, a protagonista e narradora, está passando por uns maus bocados na vida, onde ela questiona se há alguma verdade na sua visão de mundo, uma visão baseada no "felizes para sempre", que foi ensinada a acreditar pela família.

"O fato é que comecei a contar a mim mesma uma linda história sobre a minha vida, sobre o destino e o modo como as coisas acabam dando certo, e, aos vinte e oito anos, minha história era perfeita."

Tal questionamento acaba passando para sua escrita, já que ela não consegue mais acreditar nos romances que costumava escrever e entra em um intenso bloqueio criativo. Aqui é interessante notar como o trabalho de escritor se relaciona bastante com o próprio ponto de vista do autor sobre o mundo, a ponto de ser difícil escrever sobre algo que não faz mais sentido para ela. January descobriu isso da pior forma, tendo um prazo apertado para entregar o próximo livro que sequer começou a fazer.

Todavia, na cidade litorânea onde vai passar a temporada de verão, ela reencontra um antigo rival da faculdade, Gus Everett,  e começa um projeto novo de redigir uma ficção sem finais felizes (fruto de uma aposta com ele). Logo o bloqueio criativo começa a passar, e isso dá à protagonista a força que ela também precisava para encarar e lidar com a realidade que estava vivendo em sua vida pessoal. 

O desenvolvimento desse livro e da personagem são entrelaçados de uma forma muito interessante, dá para perceber a mudança e o amadurecimento de ambos quando January finaliza o livro. Às vezes, sair da zona de conforto e se permitir viver algo inesperado faz a gente se conhecer mais do que permanecer na mesmice.

Augustus, ou Gus, é o típico sarcástico com passado misterioso que muitos amam e eu também. A relação dos dois é bem construída, mesmo que dê vontade de empurrar os dois para a terapia e resolverem suas family issues. Ou trancar ambos em uma salinha para que finalmente conversem (afinal, o que sobra de uma comédia romântica se não tiver problema de diálogo?).

O amadurecimento de Gus também é notável, mesmo que não seja de modo tão claro quanto o de January, já que ele não narra durante o livro, algo que eu senti falta. Gosto quando a obra é narrada em 3ª pessoa, ou quando mais de um personagem narra. Portanto, não saber determinados pontos na visão dele foi algo que senti falta quando estava lendo.

O livro é ótimo, traz momentos leves e reflexões profundas sobre luto e relacionamentos. E mostra como existem múltiplas formas de encarar as dificuldades que a vida tem — que não devem ser julgadas.

"Meu felizes para sempre era um cordão de felizes — agora amarrados uns nos outros. [...]"

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