DISFORIA - Crítica


A produção brasileira cria com sucesso uma atmosfera mórbida e lovecraftiana.

Nos últimos anos o cinema nacional vem apostando com tudo em filmes de gênero, seja em super-heróis como O Doutrinador, lançado em 2018, nos futuros lançamentos Jaspion e O Cidadão Incomum ou em filmes de aventura como Turma da Mônica: Laços, lançado em 2019. Mas o gênero favorito do cinema tupiniquim parece ser o terror, e na última década tivemos filmes interessantes do gênero como O Caseiro (2016), Mate-me Por Favor (2015) e Eu Nunca (2016). Por ser um tipo de filme que costuma custar muito pouco, o terror permite que os roteiristas e diretores usem o máximo de criatividade possível.

Em Disforia, o diretor Lucas Cassales se utiliza do clima frio do sul brasileiro para criar uma atmosfera mórbida para o longa em uma fotografia crua e desconfortável, que ajuda a intensificar o clima. A obra, carregada de simbologia, parece emular um conto de H.P. Lovecraft e emula com sucesso, tendo como conceito o terror cósmico e horror indescritível. Nem os personagens, nem o espectador conseguem descrever o que vêem, o filme é tenso, difícil, lento e pesado.

No filme, acompanhamos Dário (Rafael Sieg), um psicólogo que devido à um trauma pessoal fica anos sem atender, mas retorna a sua profissão para atender Sofia (Isabella Lima), uma misteriosa menina de 9 anos, e ao longo do tratamento, a agonia toma conta do médico. O filme trabalha bem os dramas dos personagens sem revelar muitos detalhes da vida deles, deixando um ar a mais de mistério. O elenco é competente, o protagonista entrega a sua dor e agonia, principalmente em sua voz, que traz um tom de amargura e desespero, já a garota mescla a inocência da infância com uma malícia demoníaca que deixa o clima ainda mais tenso.

Influenciado por Lovecraft e por filmes como O Bebê de Rosemary (1968) e O Exorcista (1973), Disforia traz um incômodo que nos faz querer ver e sentir mais daquela atmosfera.
Após 4 Curtas-metragem, Disforia é o primeiro Longa do diretor Lucas Cassales e faz ele ser uma promessa do cinema nacional, além de um grande potencial de cult de terror do ano.
Disforia estreia dia 12 de Março de 2020.


Nota: 8,7

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