Crítica de Filme: O Coringa

Joaquin Phoenix como Coringa Niko Tavernise/AP
Foto: Warner Bros Pictures/Divulgação

Eu demorei muito para escrever essa crítica, e isso se deve ao fato de que não encontrava as palavras certas para descrever esse filme. Confesso, qualquer coisa relacionada ao universo de heróis chama minha atenção, e Coringa não foi diferente. O trailer nos mostrou uma pitada de loucura, de curiosidade, de animação. Seria esse um Coringa melhor do que o interpretado pelo Heath Ledger? E a torcida, "por favor, seja melhor do que o do Jaret Letto".

Não deu outra: o filme foi incrível. Fui na pré-estreia com meu irmão e contávamos os segundos para que o filme se iniciasse, o restante do público também. Olhos grudados na tela, as primeiras cenas acontecendo. O sentimento que me vinha? Pena. Dó. Olhava para o pobre palhaço na tela, injustiçado, sofrendo e ninguém se ligando. A identificação acaba ocorrendo. Quantas pessoas não estão clamando por ajuda nessa sociedade doentia? Quantas vezes alguém precisou de algo, e nós apenas ignoramos?

Quem esperava por um filme de super-herói passou longe. Ficava aflita a cada vez que alguma coisa ruim acontecia ao Artur Fleck, nosso protagonista. Queria que as coisas melhorassem, em alguns momentos torci para que ele revidasse. Mas quando ele finalmente explode e toma uma atitude, a sensação de "isso está muito errado" tomou conta. Meu irmão discordou. "Estava na hora, você não acha? Aqueles idiotas mereceram".

O filme é brilhantemente perigoso. Não precisou de efeitos especiais, nem de celebridades ou qualquer coisa do tipo, apenas o ator Joaquin Phoenix . Sim, ele realmente foi espetacular, e sua transformação no personagem me surpreendeu. Se entregou ao papel de corpo, alma, coração e na risada.

Warner Bros./Divulgação

O mais interessante é que em certo momento você não sabe mais o que é realidade e o que é imaginação, e assim começamos a especular. Aquilo é verdade? Se for, é terrível. Mas e se não for? É tudo uma loucura? As doenças mentais foram abordadas e Fleck possui várias delas. Suas piadas escritas em um mísero caderninho eram patéticas, seu desabafo de algo maior preso em sua mente.  Suas conversas imaginárias com o apresentador de talk show Murray Franklin (Robert De Niro) nos encantando e nos deixando aflitos.

Ver a sua transformação no personagem ícone que conhecemos, o famoso Coringa, é surreal. O momento da dança, das risadas mais elaboradas, sua descrença. Ele mesmo diz, "o que tenho a perder agora?". Nada. Porque as poucas coisas que tinham lhe foram tiradas.

A direção de Todd Phillips acertou em cheio, e cada prêmio vencido mostra que sim, eles acertaram. Não sei se uma continuação é viável, mas esse filme, amigos, ficará na história.



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