Review Dispatch - A prova definitiva de que o gênero narrativo não morreu

AdHoc Studio/Divulgação

Em setembro de 2018, após seguidos fracassos comerciais, a lendária empresa Telltale Games declarou falência. A empresa vinha em declínio financeiro, assim como a mesma baixa em relação ao gênero de jogos narrativos que ela desenvolvia. Alguns relatórios fiscais mostraram que apenas Minecraft: Story Mode, as primeiras temporadas de The Walking Dead e 7 Days to Die foram lucrativas, todo o restante catálogo da empresa deu prejuízo.

Ficha Técnica:

Título: Dispatch
Desenvolvedora: AdHoc Studio
Plataformas: PC (Steam) e PlayStation 5
Formato: 8 episódios
Duração: 9 a 12 horas
Preço: R$90,90 (PS5) e R$88,99 (Steam)

Mesmo com franquias gigantes do mundo dos games como Guardiões da Galáxia, Batman e Game of Thrones, a desenvolvedora não conseguia mais os lucros nem a aclamação crítica e popular de outros tempos. No imaginário popular, a queda do estúdio representava também a morte dos jogos narrativos episódicos.

Com isso, alguns jogos vieram e trouxeram claras evoluções no gênero como Detroit: Become Human, Until Dawn e Life is Strange, mostrando que o problema não estava no estilo de jogo em si, mas estava na defasagem dos jogos especificamente da TellTale Games como desenvolvedora.

Ainda no mesmo ano de 2018, alguns veteranos do estúdio da TellTale se juntaram com ex-membros de outras desenvolvedoras como Ubisoft e Night School Studio. E foi desta forma que surgiu o Dispatch. Onde o conceito inicial de Dispatch era para ser uma série de vídeo interativo para a empresa Eko, mas a ideia evoluiu para um jogo live-action.

Eles trabalharam em uma versão preliminar por dois anos, até que a pandemia de COVID-19 interrompeu o projeto. O estúdio eventualmente decidiu se autopublicar e lançar Dispatch como um jogo de aventura episódico, descrevendo-o como uma comédia de super-heróis ambientada em um ambiente de trabalho.

Uma comédia de super-heróis que funciona melhor do que deveria

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Dispatch coloca o jogador na pele de um ex-super-herói que, após quase morrer em combate, passa a trabalhar nos bastidores: ele assume o cargo de coordenador em uma agência de heróis. A premissa é simples, mas funciona surpreendentemente bem graças ao tom de comédia metalinguística e ao ótimo elenco, que abraça o clima de “escritório caótico cheio de supers problemáticos”.

Cada um dos oito episódios tem duração média de uma hora e mantém ritmo excelente. O jogo combina seleção de escolhas com momentos tensos de quick-time events, nada muito complexo, mas o suficiente para manter a imersão e impedir que o jogador relaxe totalmente. A sensação é a de estar controlando uma série live-action.

O minigame que é muito mais do que um minigame

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Entre os episódios, Dispatch apresenta seu elemento mais inesperado: um sistema de gerenciamento dos heróis da agência. É aqui que o jogador organiza a equipe, melhora atributos individuais, desbloqueia habilidades e distribui tarefas. O minigame não só conversa diretamente com a narrativa como influencia eventos futuros, diálogos e até caminhos inteiros da história.

É um toque de estratégia muito bem-vindo, que quebra a linearidade e dá profundidade mecânica ao jogo, algo inclusive que a antiga Telltale raramente ousou fazer.

Uma narrativa com muitos finais e infinitos caminhos

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A história principal é o grande destaque. Independentemente de qual dos seis finais você alcance, a jornada até eles pode ser completamente diferente. As ramificações são significativas, as consequências são perceptíveis e a sensação de que “minhas escolhas importam” finalmente existe de verdade. Para um jogo desse formato, isso é ouro puro.

Produção técnica que sustenta o espetáculo

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Alguns outros pontos que precisamos citar é a trilha sonora que acerta perfeitamente bem em dar o clima entre ação e comédia, com destaque pra música “Radio” da artista Bershy que já virou queridinha ente os fãs do game. Além disso, as animações são bem polidas, com a arte muito parecida com a da série animada Invincible, com o tom da comédia parecido em alguns momentos, porém em Dispatch, apesar de inúmeros momentos +18, o tom é bem mais leve e não toca em temas muito sensíveis.

E a direção dos atores destaca o melhor de cada cena, com destaque para Aaron Paul, conhecido por Breaking Bad.

Um novo fôlego para os jogos narrativos


Dispatch é uma carta de amor ao gênero que a Telltale popularizou e, ironicamente, um lembrete de que o gênero não morreu… a Telltale é que havia parado no tempo. O novo estúdio, ao misturar narrativa interativa, humor ácido e gerenciamento estratégico, conseguiu criar um título que se tornou referência instantânea.

Se você gosta de jogos narrativos, histórias de super-heróis, escolhas com peso real ou simplesmente quer algo diferente do comum, Dispatch é um dos melhores lançamentos dos últimos anos e faz a gente relembrar dos melhores dias da TellTale Games.

O jogo lançado para PC e PlayStation 5, no formato de episódios entre outubro e novembro de 2025, foi um sucesso comercial, vendendo mais de 2 milhões de cópias no primeiro mês de lançamento, o que superou as expectativas da indústria para um modelo de lançamento episódico. Mostrando que jogos do gênero narrativo ainda podem ser muito populares.

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