Review "A procura de Anne Frank" – um olhar íntimo e familiar diante de uma tragédia histórica

Wild Brunch/Divulgação

Um olhar necessário para a realidade, uma reflexão sobre como passado e futuro são linhas de cores diferentes, mas entrelaçadas da mesma forma. É assim que descrevo A Procura de Anne Frank, longa animado dirigido pelo cineasta israelense Ari Folman..

Ficha Técnica: 

Direção: Ari Folman
Roteiro: Ari Folman e Lena Guberman
Produção: Jani Thiltges, Ari Folman, Alexander Rodnyansky, Bernard Michaux e Claude Waringo
Distribuição: Wild Bunch
Gênero: Drama, Animação
Idioma: Inglês
Classificação Indicativa: 12+

Sinopse

Lançada em 2021, a animação conta a história de Anne Frank sob a visão de Kitty, sua melhor amiga imaginária, que magicamente ganha vida na atualidade. Kitty enfrenta as dificuldades de se adaptar a uma nova época e tenta descobrir o futuro sombrio que Anne Frank viveu no passado, além de compreender como sua história marcou e influenciou gerações.

Já temos tantas adaptações sobre Anne Frank, o que há de diferente nessa? 

O longa aborda de maneira interessante a trajetória de Anne sob a perspectiva de Kitty, a amiga imaginária com quem compartilhava seus dias e suas dores em seu diário.  Assim, o filme transmite a história sob um olhar mais íntimo, quase como se fosse narrada por alguém muito próximo de Anne. A forma como a narrativa mostra que os fatos passados se assemelham a ações do presente é um verdadeiro exemplo de que devemos aprender com a história para não repetirmos os traumas no futuro.

A animação feita no estilo 2D, possui boa fluidez, apesar de que, em alguns momentos a perspectiva causar certa estranheza, porém, o longa não deixa a desejar e apresenta um estilo próprio e marcante.

Nem tudo é perfeito…

Quanto aos pontos que realmente deixaram a desejar, a dublagem de parte dos personagens não apresentou tanta veracidade, algumas atuações soam caricatas demais ou com pouca emoção. Porém, essa observação, não se aplica às protagonistas, que tiveram um bom resultado na dublagem, com interpretações íntimas e naturais, ainda que, em certos momentos, um pouco teatrais.

A adaptação de Kitty ao mundo atual acontece de forma muito rápida, quase sem demonstrar o choque cultural. Acredito que a justificativa tenha sido aproximar mais a personagem do público, mas teria sido interessante explorar melhor esse aspecto, como é feito em outros longas que abordam o choque cultural de personagens pertencentes a outra era, e são transportados para outro tempo.

Quanto ao desfecho da história, considero que foi desenvolvido de maneira apressada. Os acontecimentos do presente ocorrem de forma corrida e há pequenas falhas de continuidade, que poderiam ter sido solucionadas com explicações mais claras sobre determinados eventos. Contudo, em relação à forma como a história de Anne Frank é retratada, o filme apresenta um resultado interessante e bem construído, sendo uma narrativa quase perfeita.

Veredito 

Por fim, fica a reflexão: e se nos colocássemos no lugar do outro? Se projetássemos nossos próprios traumas sobre a linha do destino alheio, não teríamos mais cuidado com nossas ações futuras? Se o ser humano realmente aprendesse com a história, a empatia não deveria ser mais que uma obrigação, um cuidado que ultrapassasse barreiras culturais, religiosas e étnicas?

Cópia cedida para análise pela Filmelier

Disponível em: Filmelier+

Nota Final: 8.5/10


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