Review: Superman (sem spoilers)

 

Warner Bros. / Divulgação


O Azulão de Krypton retorna às telonas no novo universo da DC comandado por James Gunn. Será que, enfim, temos a tão esperada salvação da DC? É isso que vamos analisar neste review.

Em Superman, dirigido e roteirizado por James Gunn, acompanhamos a jornada de Clark Kent (David Corenswet) em uma Metrópolis totalmente diferente do que vimos nas adaptações anteriores. Neste novo universo, Gunn nos apresenta um mundo onde super-heróis fazem parte do cotidiano de forma natural e integrada à sociedade.

Esqueça a atmosfera sombria e mais "pé no chão" do antigo universo da DC. Superman chega com uma proposta vibrante, trazendo cores vivas, leveza e uma nova energia para o personagem símbolo da esperança. A mudança de tom é clara e proposital — e pode surpreender tanto antigos fãs quanto novos espectadores.


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Aqui temos um Superman que, a todo momento, se importa com tudo e todos e quando digo “todos” são todos mesmo. Até com um esquilo, literalmente. Sua preocupação constante durante os combates com tudo ao seu redor revela sua verdadeira essência: a de um herói que está ali para servir e proteger.

Essa característica reforça o que sempre deveria ser a base do personagem: empatia, compaixão e responsabilidade. Gunn acerta ao retratar um Superman humano em suas emoções, mas grandioso em seus valores. Mesmo diante do caos, ele busca preservar vidas, não apenas vencer batalhas — e isso faz toda a diferença.

A história é simples — e isso, definitivamente, é um ponto positivo. O roteiro parece ter sido pensado para agradar todo e qualquer tipo de público, desde os fãs mais antigos até quem nunca leu uma HQ do Superman. Tudo é bem explicado ao longo do filme, sem exigir conhecimento prévio ou referências complexas.

Não há espaço para teorias mirabolantes, cenas "cut" ou tramas excessivamente intrincadas. O filme entrega exatamente o que se propõe: uma nova introdução ao Superman, direta, clara e eficiente. Algumas decisões que podem deixar o espectador com dúvidas são esclarecidas momentos depois, e você entende o que realmente é aquilo.


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A interação com outros personagens, como a Mulher-Gavião (Isabela Merced), Senhor Incrível (Edi Gathegi) e Guy Gardner, o Lanterna Verde (Nathan Fillion), é um dos destaques do filme. São participações divertidas, bem dosadas e que deixam aquela vontade de ver mais desses heróis no futuro. E quando digo "divertidas", não falo daquele humor forçado com piadinhas deslocadas — são cenas genuinamente engraçadas, que fluem de forma natural.

Nathan Fillion, por exemplo, está hilário como Guy Gardner. Ele entrega as caretas e expressões exageradas do personagem com perfeição, equilibrando o carisma e a arrogância clássica do Lanterna de forma impressionante.


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O elenco do Planeta Diário também merece destaque. A dinâmica entre Lois Lane (Rachel Brosnahan), Jimmy Olsen (Skyler Gisondo) e os demais colegas de redação é bem construída e funciona muito bem em tela, trazendo leveza e humanidade ao núcleo mais "terrestre" da história.

Mas entre todos os personagens, há dois que realmente roubam a cena. Nicholas Hoult entrega um Lex Luthor como sempre quisemos ver: intenso, frio e perturbador. Sua atuação é poderosa — conseguimos enxergar em suas expressões toda a raiva, inveja, frustração e até a satisfação distorcida que move o vilão. O duelo de diálogos entre ele e o Superman é um espetáculo à parte. A química entre os dois é simplesmente absurda.

Nicholas Hoult como Lex Luthor em 'Superman' (2025) Divulgação/Warner Bros

E o outro personagem que rouba a cena é ninguém menos que Krypto, o Supercão. Sim, é definitivamente um cachorro com superpoderes — e ele é simplesmente sensacional. Atrapalhado, brincalhão e leal, Krypto quase sempre arranca risadas quando aparece em cena, sem perder o tom da história. Sua presença traz leveza e momentos de pura diversão, equilibrando bem a ação com o humor natural que James Gunn sabe fazer.


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E não só entre os protagonistas: parece que Gunn escolheu a dedo cada ator, testando a química entre o elenco com precisão. O resultado é um conjunto afinado, onde todos brilham, mas ninguém ofusca o outro. A harmonia entre os personagens dá vida ao filme de uma forma orgânica e envolvente.

Superman é um filme sobre a ascensão dos heróis, e também um filme sobre pais e, principalmente, sobre identidade. A jornada de Clark é profundamente pessoal, e toca diretamente naquilo que faz dele o herói que conhecemos. Como amante de histórias em quadrinhos, tive a sensação de estar literalmente assistindo a uma HQ ganhar vida. James Gunn acerta mais uma vez ao criar um mundo fantasioso, super-heroico e divertido. Esqueça aquela DC realista e melancólica que vimos nas versões de Zack Snyder e Christopher Nolan. Aqui o tom é completamente diferente — e isso é um grande acerto.

Com um CGI competente, uma trilha sonora excelente e uma construção sólida de universo, Superman representa um verdadeiro pontapé inicial para uma nova era da DC. Você sai da sala querendo mais. E isso, para um primeiro capítulo, é tudo o que se poderia desejar.


David Corenswet como Superman em 'Superman' (2025)
Warner Bros. / Divulgação

Superman marca um recomeço promissor para a DC nos cinemas. James Gunn entrega um filme acessível, emocionante e cheio de personalidade, com um elenco afinado e uma visão clara do que quer construir para o futuro do estúdio.

Não é um filme revolucionário, mas talvez justamente por isso funcione tão bem: ele resgata o que há de mais essencial no Superman — esperança, empatia e heroísmo — e traduz tudo isso para um público moderno.

Se você ama o personagem, vai se emocionar. Se não conhece muito bem, vai se encantar.



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