Baseado em uma história real, drama “Quebrando Regras” estreou em junho nos cinemas brasileiros
Dirigido por Bill Guttentag, vencedor do Oscar por documentários, “Quebrando Regras” chegou aos cinemas brasileiros no dia 26 de junho.
A obra se propõe a narrar uma história real e inspiradora: a de Roya Mahboob, jovem afegã que, em meio ao regime opressor do Talibã, decide fundar uma startup de tecnologia para ensinar computação a meninas e, mais tarde, formar um time de robótica que chamaria a atenção do mundo todo.
No papel principal, Nikohl Boosheri entrega uma atuação contida, mas delicada, como quem carrega nas costas não só o peso de uma personagem, mas de toda uma causa.
À primeira vista, parece o tipo de trama ideal para emocionar, sensibilizar e inspirar — e, de certa forma, ela cumpre esse papel.
Produzido pelas empresas Dune Films, Pioneer Productions, Parallax Productions, Slingshot Productions e Shape Pictures, e distribuído no Brasil pela Paris Filmes, o filme segue o molde clássico dos “feel good movies” americanos, nos quais o sofrimento alheio se converte em lição de moral leve o suficiente para que a plateia vá para casa com a alma aquecida. No entanto, a dura realidade do Afeganistão é apresentada apenas até o ponto em que não incomoda demais: a violência é sugerida, mas jamais confrontada. As meninas enfrentam obstáculos, mas tudo parece se resolver com uma rapidez que não corresponde à gravidade da situação real.
Apesar de contar a história de uma mulher que quebrou todas as regras impostas a ela — sociais, políticas e culturais — o filme se agarra firmemente às fórmulas do cinema tradicional norte-americano. Esteticamente, é conservador: apresenta enquadramentos previsíveis e ritmo linear. Guttentag, que tem bagagem no documentário, até tenta inserir montagens com imagens reais das competições, buscando alguma textura de autenticidade, mas essas escolhas esbarram na superficialidade do roteiro.
E, mesmo assim, há momentos tocantes. Há algo bonito em ver meninas com lenços coloridos, olhos atentos e mãos trêmulas operando máquinas que talvez sejam seu único passaporte para fora de uma realidade opressora. Há potência na ideia de que ensinar uma garota a programar pode ser, sim, um ato revolucionário. E há sinceridade no desejo da história de mostrar que a educação liberta.
O problema é que, ao tratar de uma história tão urgente, tão viva, tão marcada pela luta de quem ainda arrisca a vida para estudar, esse conforto pode soar como silêncio. E o silêncio, nesse caso, não redime. Ele escapa.
O filme deixa a sensação de que a história real merecia mais: mais ousadia, mais profundidade, mais verdade. Ainda assim, vale a pena assistir.
Confira o trailer:
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