A temporada teve
um objetivo muito claro ao abordar todas as complicações da saúde mental dos
seus personagens e acredito que não seria possível aprofundar todos os traumas
em pouco tempo de tela. Os irmãos Duffer acertaram em acreditar que os fãs da
série estariam dispostos a entender a história que vai além de monstros, exércitos
altamente armados e conspirações entre países.
A história
demonstra no seu início um grupo de amigos que estão divididos, os
acontecimentos anteriores os fizeram criar uma muralha de normalidade para o
mundo, enquanto cada um à sua forma está enterrando suas tristezas. O núcleo da
Califórnia finge ser uma família funcional; os garotos em Hawkings se mesclam
em locais confortáveis, o que provavelmente lhes dará a sensação de pertencer a algum
lugar. A Max é a única que escolheu se afundar em suas próprias dores, tanto
que se torna quase invisível para todos.
A temporada
mostra que tipo de ameaça estamos enfrentando desde o primeiro episódio: Um
monstro que atrai suas vítimas através da culpa, transformando seus piores
pensamentos em fraqueza. Descobrimos com o passar do tempo que esse destino não
é apenas a morte e sim a destruição de tudo que faz uma pessoa ser o que ela é.
Suas memórias, emoções e qualquer possibilidade de se transformar no futuro;
ele consome você. No final, o que a série queria mostrar é que todos são vulneráveis
a isso; nossas perdas nos fazem erguer muros na tentativa de não passarmos
novamente por isso.
Os episódios 8 e 9 são extremamente grandes, podemos considerar como filmes. Porém, a dinâmica de alternância entre os núcleos - que nunca dá todas as respostas antes de passar para outros personagens - te prende, tornando impossível parar até o fim. Chega um momento em que você pensa: “Ok, entendi que qualquer um pode morrer e não posso fazer nada para mudar isso” e corrói saber disso. Choro, dor física e emocional fazem parte da experiência e é improvável que você consiga parar.
Dando algumas considerações finais sobre a temporada (com alguns spoilers), alguns núcleos me incomodaram. O primeiro foi o dos meninos e sua van de pizza. Eles não acrescentaram em nada na história uma vez que toda a sua descoberta já tinha sido revelada; o paradeiro da Eleven não era segredo para quem estava assistindo e isso cansou. O outro foi o da Rússia; entendo a necessidade dele, porém espero que tenha sido a última vez que tenhamos visto o núcleo do país, já que mesmo com quatro partes eles ainda são retratados de forma caricata, com algumas exceções. Na minha opinião, eles mexeram com coisas que não tinham informações e não sabiam lidar. No entanto, não se pode esquecer que fizeram o que parecia impossível: Conectar todas as temporadas com apenas uma explicação.
Após algumas
dolorosas perdas, o final nos mostra que todo esforço feito nos últimos anos
para conter o mundo invertido de invadir Hawkings não teve muita valia, já que
o plano final sempre foi maior do que imaginavam. Deixando apenas uma ponta
solta em relação do que aconteceu com a Max: “ Ela morreu? ”, “É a nova
hospedeira do Vecna? ” E é claro “No final de tudo, o Vecna era apenas o
sargento do vilão final? ”. Agora está na hora de criar teorias para a 5° e, com
certeza, mais sóbria temporada de Stranger Things.
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