Deuses brasileiros



Mitologia grega, nórdica, egípcia... já ouvimos falar muito delas, mas existe uma mitologia, não muito conhecida, que é rica em mitos, lendas e deuses. Essa é a mitologia brasileira.
Para falar sobre a mitologia nativa, primeiro é importante deixar claro que as histórias variam de tribo para tribo, afinal, existem mais de 225 povos indígenas no Brasil, com diferentes crenças e costumes, seria impossível não haver uma variação e aqui irei contar algumas de cada divindade nativa.

Nhamandú é uma divindade que sempre existiu, mesmo antes do universo ser criado, ele é energia, logo, não tem uma forma física. Ele criou Iara, depois Tupã, e por último Caaporã.

Iara (ela mesma, nossa sereia!), é a deusa das águas, irmã de Tupã para alguns povos, e para outros é uma indígena que matou seus irmãos e foi amaldiçoada. Uma coisa em comum é que ela atrai pescadores com seu canto e os mata em seguida.

Tupã é o deus do trovão e das tempestades (conhecemos outros como ele, não é mesmo?) sua forma de se comunicar é o trovão e, apesar do que muitos pensam, ele não é o deus supremo.

Guaraci é o deus do sol, irmão de Jaci, ambos filhos de Tupã. Ele foi criado para iluminar a Terra e trazer vida a ela. É apaixonado por sua irmã, mas é um amor impossível, pois sempre que ele abre os olhos, Jaci desaparece, sabe porquê? Porque Jaci é a deusa da lua, criada para iluminar a noite, pois, segundo a lenda, um dia Guaraci cansou-se de seu trabalho e dormiu, fazendo o mundo cair em trevas. Ela é também a protetora dos vegetais e da reprodução.

Partimos para Rudá, o deus do amor, vive nas nuvens e sua obrigação é amolecer o coração das mulheres e despertar o amor.

Ceuci, deusa da lavoura e das moradias indígenas, tem uma história interessante, ela deu à luz a seu filho, Jurupari, a partir do fruto da cucura-purumã, uma árvore que representa o bem e o mal. Com apenas sete dias de vida, seu filho já aparentava ter dez anos. Sua história não termina por aqui, contudo, vamos falar um pouco sobre seu filho. Jurupari, quando chegou a Terra, viu que o poder era exercido pelas mulheres, ele então mudou isso, dando poder aos homens, dizendo que o matriarcado ia contra as leis de Guaraci, foi quando começaram as festividades secretas dos homens, e qualquer mulher que visse essas festividades, era morta. Ceuci (olha aí o fim da história dela) um dia quis ver o que seu filho fazia na Terra, o que fez ela ser morta por ele. Sua vida não foi devolvida e Jurupari a levou para o céu, transformando-a nas Plêiades (um aglomerado de estrelas).

Saindo das histórias trágicas, vamos falar de Sumé, deus das leis e das regras, que esteve em carne e osso entre os indígenas antes dos portugueses chegarem. Eles os ensinou a controlar o fogo, cultivar alimentos, e ensinou ainda alguns valores morais.

Yorixiriamori era um deus que encantava as mulheres com seu canto, fazendo inveja aos homens, que tentaram matá-lo, fazendo com que ele fugisse para o céu, em forma de pássaro. Ele faz parte do mito “ a árvore cantante”, dos Ianomâmis.

Akuanduba tocava sua flauta para colocar ordem no mundo, até que um dia, por causa da desobediência dos seres humanos, ele os lançou na água. Os sobreviventes tiveram que recomeçar do zero e aprender tudo de novo. Ele é uma divindade dos indígenas araras, da bacia do Xingu.

Yebá Bëló ou “mulher que apareceu do nada” é vista pelos indígenas Dessanas como a criadora da humanidade, ela teria moldado os homens e as mulheres através das folhas de coca que masca, chamadas de ipadu.

Wanadi faz parte de uma lenda dos lecuanas, que dizia que o sol tinha criado três seres para morarem na Terra, Wanadi foi o único que nasceu perfeito, os outros dois eram o mal do mundo.

Chandoré foi enviado por Tupã pata matar um indígena malvado, chamado Pirarucu. O deus fracassou e Pirarucu se jogou no rio, mas mesmo escapando da morte ele foi castigado, transformando-se em peixe.

Angra é a deusa do fogo, que protegia sua tribo contra qualquer ataque do inimigo, segundo as lendas Guarani. Ela se alimentava somente de alface, pois o mesmo revigorava suas forças.

Caaporã (ou mais conhecido como Caipora) é irmão de Tupã e Iara, lembra? Conhecido como uma criatura que protege os animais e a floresta de todo mundo, inclusive dos nativos, tem um nome que significa “habitante do mato” (apropriado, não?).

Chegamos ao nosso antagonista, Anhangá, inimigo de Tupã, andarilho que pode assumir a forma de vários animais, ele é o deus das regiões infernais, e apesar de ser visto como protetor dos animais, ele é geralmente associado ao mal. Sua forma animal favorita é um veado branco com olhos flamejantes.

Por último e não menos importante, vamos falar de Tupi, o antepassado que deu origem a todos os indígenas, tenho certeza que você conhece alguma das nações tupi que criaram seus nomes em homenagem a ele: tupinambás, tupiniquins, tupiminós, tupiguaés, assim por diante.

Deu para perceber como a mitologia brasileira, a nossa mitologia, é muito mais do que aquilo que conhecemos e estudamos? E ainda existem muitas outras lendas e histórias, essa é uma pequena parte de um todo, que compõe a verdadeira história do nosso país.



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