Critica | Memórias de um Verão

IMPORTANTE: Não damos spoilers em lançamentos.

Synapse Distribution/Divulgação

“Memórias de um Verão” é um drama sensível e intimista que observa, com delicadeza, o impacto da perda no cotidiano de uma família isolada, explorando o luto, o envelhecimento e a infância de forma simples, humana e silenciosa. 

Ficha Técnica

Título: Memórias de um Verão
Direção: Charlie McDowell 
Roteiro: Robert Jones, baseado na obra de Tove Jansson 
Produção: Charlie McDowell, Alex Orlovsky, Kath Mattock, Kevin Loader, Duncan Montgomery, Aleksi Bardy, entre outros 
Distribuição: Synapse Distribution 
Gênero: Drama
Idioma: Inglês 
Classificação Indicativa: 14 anos 

Sinopse

Synapse Distribution/Divulgação

“Memórias de um Verão” acompanha Sophia, uma menina de 9 anos que vive com o pai e a avó em uma ilha isolada na Finlândia. A família ainda está tentando lidar com a morte recente da mãe e encontrar uma forma de seguir em frente depois dessa perda. 

Resenha — Entre o Luto e o Cotidiano

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O filme se constrói na simplicidade das relações. Sophia é curiosa, cheia de energia e com aquela vontade natural de desbravar o mundo, mas também carrega a saudade e o peso emocional dessa ausência. Além disso, enfrenta o distanciamento do pai, que está tão afogado no próprio luto que não consegue voltar a ser presente, por mais que ame a filha.

É aí que a avó, vivida por Glenn Close, acaba se tornando o ponto de equilíbrio da família. Cuida da neta, apoia o filho e tenta, com pequenas atitudes, manter a conexão entre eles, ao mesmo tempo em que lida com os próprios sinais do envelhecimento.

A relação entre ela e Sophia é o coração do filme. Como eles estão praticamente isolados, boa parte da narrativa se passa dentro da casa ou nos arredores da ilha, o que cria uma atmosfera intimista, quase documental, como se estivéssemos ali dentro da casa, acompanhando tudo.

O tempo que passa em silêncio

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O ritmo do filme é lento, bem diferente das produções aceleradas de hoje em dia. Para alguns isso pode parecer monótono, mas para mim lembrou aquelas animações antigas da Disney, quando nada precisava acontecer. A câmera simplesmente observa o mar, os passeios, o silêncio e o tempo passando.

Um dos acertos do filme é a forma como mostra a infância de Sophia. Não é romantizada, nem triste demais. É honesta. Sophia vive descobertas, alegrias e tristezas. É um retrato sensível da criança tentando encontrar o seu lugar no mundo.

Outro ponto importante é como o filme retrata o envelhecer. A avó enfrenta limitações, cansaço e lapsos de memória, mas ainda carrega força e sabedoria. Ela tenta garantir que a neta aprenda, viva momentos bons e não deixe de experimentar a vida ao relembrar suas próprias vivências na juventude.

Atuações que sustentam o afeto

Glenn Close entrega uma atuação impecável como sempre. Eles a envelheceram além de seus 80 anos, deixando-a ainda mais parecida com a maioria das vovós que conhecemos. Ela entrega uma performance contida e sutil, uma avó sábia, com aquele humor simples, frágil e que carrega um leve temor diante da passagem do tempo.

Emily Matthews, em sua estreia no cinema, surpreende pela naturalidade e sensibilidade, equilibrando a inocência e a intensidade que a personagem precisava.

Veredito

No fim, esse não é um filme cheio de reviravoltas ou grandes revelações. Ele é silencioso, sensível e muito humano. Mostra o cotidiano dessa família marcada pela perda, onde crescer e envelhecer acontecem lado a lado, cada um enfrentando suas próprias descobertas, limites e medos. O filme lembra que seguir em frente não significa esquecer, mas aprender a conviver com a falta enquanto a vida continua, do jeito simples e inevitável que todos nós um dia vamos experimentar.


Cópia cedida para análise por Synapse Distribution 
Exclusivamente nos cinemas 

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