Review - SONOKUNI (PC) - A fúria cibernética da vingança divina

Kakehashi Games/Divulgação

Em meio ao mar de títulos indie, SONOKUNI surge como uma joia rara: uma explosão estilizada de ação pixelada e narrativa enigmática que mistura estética japonesa com brutalidade biopunk. O jogo é uma ode à violência estilizada, aos visuais saturados e ao poder da trilha sonora para contar histórias.

Ficha Técnica:

Desenvolvimento: DON YASA CREW
Distribuição: Kakehashi Games
Jogadores: 1
Gênero: Ação / Top-down shooter
Idioma: Português (interface e legendas)
Plataformas: PC

Letalidade com controle do tempo

Kakehashi Games/Divulgação

SONOKUNI não perde tempo: ele te lança diretamente em um mundo onde cada segundo conta e qualquer erro é fatal. A jogabilidade gira em torno de combates extremamente rápidos e letais. Um único acerto elimina inimigos — e também o jogador. Isso exige precisão, reflexos apurados e domínio total dos controles.

Felizmente, o protagonista possui um recurso essencial: a habilidade de parar o tempo por alguns segundos, permitindo ao jogador se reposicionar, planejar ataques e reagir melhor ao caos. Esse poder se torna indispensável nas fases mais intensas, oferecendo um equilíbrio entre agilidade e estratégia.

Apesar do ritmo acelerado, o jogo apresenta uma linha de aprendizado bem calibrada. As fases iniciais funcionam como tutoriais práticos, preparando o jogador de forma orgânica para os desafios mais complexos. Além disso, há diferentes níveis de dificuldade, permitindo que tanto iniciantes quanto veteranos aproveitem a experiência de forma justa e desafiadora.

Os controles são, em geral, responsivos e precisos, mas há um problema pontual: em certas transições entre áreas, os comandos parecem não responder de imediato, o que pode levar a mortes inesperadas. Embora seja um detalhe técnico pequeno, é algo perceptível em um jogo que exige execução rápida e precisa.

Estética biopunk em caos controlado

Kakehashi Games/Divulgação

Visualmente, SONOKUNI é um espetáculo criativo. Seu estilo gráfico pixelado chama atenção não apenas pela qualidade da arte, mas pela estética biopunk caótica (no melhor sentido), onde tecnologia, carne e distorção visual se misturam em um mundo bizarro e fascinante. Tudo pulsa com energia e estranheza, dando ao jogo uma identidade visual muito própria.

As cores vibrantes e contrastantes são utilizadas com inteligência, criando composições intensas que capturam o olhar sem cair na saturação gratuita. A direção de arte é ousada e foge do lugar-comum do pixel art moderno, apostando em formas orgânicas, grotescas e tecnológicas que reforçam a atmosfera decadente e surreal do universo.

É verdade que, em alguns momentos, essa explosão visual pode confundir o jogador, principalmente nos trechos mais acelerados e cheios de efeitos. No entanto, com o tempo, o olhar se adapta e a leitura do cenário se torna mais natural — parte da experiência imersiva e caótica que o jogo propõe desde o início.

A vingança divina como símbolo

Kakehashi Games/Divulgação

A narrativa de SONOKUNI é entregue de maneira críptica, simbólica e fragmentada. O jogador assume o papel de um agente enviado por Deus para eliminar todos os habitantes de uma cidade corrompida. Não há longas explicações, apenas frases enigmáticas e cenas minimalistas que sugerem mais do que revelam.

Esse tipo de narrativa deixa muito espaço para interpretações — o que pode afastar jogadores que preferem roteiros mais diretos — mas, para quem gosta de histórias abertas e provocantes, é um prato cheio. A temática religiosa, combinada com o estilo cyberpunk, cria uma tensão entre espiritualidade e destruição que acompanha toda a jornada.

Batidas pesadas que comandam a ação

Kakehashi Games/Divulgação

A trilha sonora de SONOKUNI é um dos elementos mais marcantes do jogo, composta majoritariamente por faixas de hip-hop experimental com batidas cruas e pesadas. As músicas reforçam a identidade urbana e agressiva da narrativa, funcionando quase como um narrador invisível da ação. Cada fase pulsa no ritmo das batidas, e a trilha dita o tom dos confrontos com precisão.

Essa fusão entre gameplay e música cria momentos de pura sinergia — quase como se o jogador estivesse participando de um videoclipe interativo. Porém, apesar da força da trilha sonora, algumas faixas acabam se tornando repetitivas devido ao uso constante de looping. Em sessões mais longas, essa repetição pode cansar, especialmente quando se está preso em uma fase por um tempo prolongado.

Ainda assim, a sonoridade de SONOKUNI é um dos seus diferenciais, e prova como o áudio pode ser usado de forma narrativa e mecânica ao mesmo tempo.

Um soco estilizado em forma de jogo

SONOKUNI é direto, brutal e extremamente autoral. Em pouco tempo, ele entrega um gameplay afiado, uma estética memorável e uma trilha sonora que amplifica tudo isso. Sua identidade visual e sonora é marcante, e a combinação entre ação frenética e atmosfera carregada faz dele uma experiência única dentro do universo indie.

É uma obra com personalidade — daquelas que não agradam a todos, mas que definitivamente deixa sua marca. Para quem busca algo fora do convencional, com ritmo próprio e uma pegada artística forte, SONOKUNI é uma pequena obra-prima pixelada que vale cada minuto jogado.


Cópia de PC cedida pelos produtores

Nota Final: 8,5/10

Pontos Positivos:

✔️ Jogabilidade rápida e precisa
✔️ Visual extremamente marcante
✔️ Trilha sonora envolvente e poderosa
✔️ Narrativa simbólica e provocativa

Pontos Negativos:

❌ Duração curta demais
❌ Falta de modos extras ou incentivo à rejogabilidade
❌ Estética pode ser cansativa em sessões longas

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